Quando eu comecei a escrever os reviews desse pequeno blog, pensei em fazê-lo só quando tivesse terminado de ver o conteúdo (assistido o filme, visto a série, etc), ou quando tivesse finalmente desistido de fazê-lo. Aí eu comecei a ler mangás. Essa escolha se transformou em um problema na hora que a maior parte dos mangás atualmente em publicação no Brasil não terminaram de ser publicados ainda.
Dessa forma fica difícil esperar sabe-se lá quantos anos (já que muitos mangás não tem uma frequência de publicação muito precisa) para poder emitir uma opinião sobre uma obra. Ainda mais quando a obra já tem uma quantidade razoável de volumes publicados, então já dá para se ter um sentimento sobre a história. Em resumo: vai ser assim no futuro.
Frieren e a Jornada para o Além (Sousou no Frieren, no original) é um mangá japonês produzido desde 2020 e possui 12 volumes em tankobons até o final de 2023. A série continua em andamento, sendo escrita por Kanehito Yamada e ilustrada por Tsukasa Abe.
Sua premissa é bastante simples, porém diferente: o que acontece depois do final de uma aventura com um grupo de heróis? Quem já jogou RPG de mesa ou em videogame sabe que geralmente a história acaba depois que os heróis derrotam o Mal Supremo que atormentava aquele mundo e os heróis passam a viver uma situação de “felizes para sempre”. No mundo de Frieren, a protagonista do título e seu grupo de companheiros tiveram uma jornada de dez anos para derrotar o Rei Demônio. A grande questão é que Frieren é uma elfa, e elfos vivem vidas tão longas que são praticamente considerados imortais. Isso faz com que a percepção de tempo de Frieren seja totalmente descolada da nossa realidade: uma década para ela é como se fosse um período de algumas horas para nós. Aquele período que ela passou em sua jornada, por mais importante que tenha sido, não passou de um sopro.
Depois de ter derrotado o Rei Demônio, Frieren andou pelo mundo por cinquenta anos, buscando descobrir novas magias. Findo esse tempo, ela volta para a cidade onde Himmel, o guerreiro do grupo, se instalou e encontra (evidentemente) envelhecido, assim como seus outros companheiros. Pouco depois Himmel morre e é enterrado com todas as honras, e é precisamente nesse momento que Frieren percebe que conhecia muito pouco dos seus companheiros e se arrepende de ter percebido isso só quando ela não poderia mais fazer nada sobre.
Frieren segue então em uma Jornada para o Além, que é uma área no extremo norte do mundo onde as pessoas conseguem se encontrar com seus entes queridos já mortos, de forma a reencontrar Himmel. Como não podia deixar de ser, nessa jornada ela encontra novos companheiros (como o guerreiro Stark e a maga aprendiz Fern), faz novas amizades, ajuda pessoas, etc e tal.
A premissa, como eu disse antes, é muito interessante. A arte é fantástica (a ponto de ser detalhada até quase demais, e ter sofrido na impressão, mas isso é assunto para outro momento), os personagens em sua maioria são interessantes (mas não disse que são bons), mas o que me incomodou foi o ritmo da obra.
Talvez para tentar nos dar uma visão de como seria a vida da elfa Frieren, tudo anda muito devagar. As pessoas, em sua maioria, são apáticas. Por exemplo, um personagem pode ser preso com energia mágica e ser impedido de realizar algo importante, mas ele só faz ficar lá com cara de tacho. Muitos dos capítulos envolvem Frieren e seus novos companheiros solucionando algum pequeno problema em uma vila esquecida, entrando em uma masmorra esquecida, realizando uma prova para serem reconhecidos como magos de alto nível e outras coisas mais. Minha insatisfação reside no fato de que eu não tenho a sensação de que o grupo ou a história estão se desenvolvendo.
Algumas coisinhas servem somente como fanservice, como uma referência bem safada para jogos da série Dragon Quest (Fern encontra uma moeda diferente que está sendo colecionada por uma pessoa excêntrica), ou um running gag com Frieren sendo engolida por um mímico em formato de baú. Acho que faltou liga.
Não vale a pena ver, honestamente. Mas também sei que sou minoria nesse posicionamento: aparentemente todo mundo que leu a série adorou. Vai ver que as pessoas se sentiram mais tocadas com a discussão sobre “como você está vivendo sua vida e criando laços com outras pessoas”. Não foi meu caso.
Resumo da Obra
Frieren volta para a cidade onde Himmel, seu companheiro de aventuras vive, só para vê-lo morrer. Em seguida ela tenta se reconectar com os demais membros de sua comitiva. O padre está treinando Fern, uma maga, enquanto que o guerreiro anão está treinando Stark. Esses dois passam a ser seus novos companheiros. Frieren começa uma jornada para o norte, seguindo os caminhos que ela já havia seguido com seus companheiros, e a cada vila que passa ela encontra novas pessoas e resolve problemas menores, mas que em tese podem ajudar aquela sociedade. Em alguns momentos, do mais absoluto nada, surgem antigos generais do Rei Demônio que ainda estão vivos por aí. Frieren derrota todos eles facilmente, afinal de contas ela é meio como um Saitama élfico. Depois de muito blá blá blá ela tenta cruzar uma fronteira pro norte, mas para isso ela precisa de um mago de nível um no grupo. Vai fazer a prova de mago de nível um, mas Fern quem passa. Eles continuam seguindo caminho e encontram mais pessoas por aí. É sério, se resume a isso. No último volume que li eles estão em uma cidade que foi transformada em ouro por mais um dos generais do Rei Demônio, e eu já não aguento mais. Acho que não vou me dar ao trabalho de ler o resto.