Stephen King é um autor que sempre surpreende, de uma forma ou de outra. Não existem tantos casos de escritores com o mesmo volume de publicações dele e que consigam trazer tantos elementos novos e tantas ideias interessantes quanto ele.
Outsider começa da forma mais brutal possível: uma criança do sexo masculino aparece assassinada a sangue frio em Flint City, com claros sinais de violência sexual e tortura. Várias testemunhas confirmam ter visto o treinador do time de baseball da cidade, Terry Maitland, agindo de forma suspeita nas horas que antecederam o crime. Feita a investigação policial, descobrem DNA de Terry no corpo da vítima, além de mais testemunhas, cada vez mais convincentes, que ligam Terry ao assassinato. Tudo parecia resolvido até que uma gravação de vídeo mostra Terry a quilômetros de distância do local do crime, na mesma hora do evento.
Mesmo com essas contraprovas, a promotoria decide dar continuidade ao caso, causando grande comoção na pequena cidade, até o clímax do primeiro terço do livro: o julgamento de Terry pela acusação de homicídio. Ao subir as escadarias do tribunal, Terry é assassinado a tiros pelo irmão mais velho do menino morto, que em tabela é alvejado pelo policial Ralph Anderson, que foi o responsável pela captura de Terry Maitland. Afastado temporariamente, Ralph fica com aquela “pulga atrás da orelha”, ao ver novamente os detalhes do caso e pensando se não havia pego de fato um homem inocente.
Enquanto Ralph começa a buscar informações que provariam ou contestariam a inocência de Terry, o livro tem um grande ponto de inflexão, passando a mostrar o elemento sobrenatural da história: são descobertos outros assassinatos com características semelhantes ocorridos nos Estados Unidos, crianças torturadas até a morte enquanto pessoas aparentemente inocentes eram acusadas e sentenciadas por crimes que elas juravam não ter cometido.
Certos de que encontraram algo além da compreensão humana, convocam uma certa detetive particular (Holly Gibney, que foi apresentada na trilogia Mr. Mercedes) e descobrem que o suposto assassino em série “suga” um pouco de sangue de suas vítimas como forma de obter DNA para iniciar uma transformação em outra pessoa, como uma espécie de doppelganger. A caçada continua até o Novo México, onde finalmente conseguem encurralar o doppelganger e o matam, dando fim ao seu reinado de terror.
Dei uma apressada no final do resumo exatamente porque essa foi a impressão que tive quando li o livro: o final foi apressado depois de King gastar 500 páginas para identificar o assassino, seu método e porque ele é uma ameaça real para a paz de crianças e adultos em solo americano. O livro perdeu pontos no final porque fiquei com a impressão de que o vilão tinha muito mais potencial do que de fato foi usado.
No geral foi uma leitura bacana, apesar do final ser meio frustrante. Me diverti e recomendo o livro.