Paralisia por excesso de opções

Provavelmente nunca houve um momento com tamanha gama de opções de lazer como agora. Filmes, séries, desenhos e animes sob demanda, e com novos lançamentos todas as semanas. Livros, revistas, sites de novidades, uma quantidade virtualmente infinita de vídeos de YouTube sobre qualquer tema que se possa imaginar… Além das outras coisas, a depender do seu gosto: cursos online, jogos, recursos artísticos, etc e tal.

Como eu me exijo demais para fazer tudo que acho que deveria, termino com centenas de propostas e nenhuma execução de fato. Compro vários cursos, vejo vários livros, compro jogos porque gostaria de tê-los para jogar em um momento posterior… que nunca chega.

Não vou entrar no mérito, por exemplo, das miniaturas. Conheci Warhammer em 2017 e desde então isso virou uma forma rápida e eficiente de queimar dinheiro. Eu sempre queria todos os exércitos, miniaturas, lançamentos, comprava só por dizer que comprava. No final das contas eu só pensava e planejava como fazer/montar/pintar aquilo seria legal, mas na hora de começar e fazer a sensação morria e pronto. Virava mais uma caixinha para se acumular na área de serviço.

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Qualquer semelhança é mera coincidência

Isso tinha (e ainda tem) outro lado negativo: uma hora essas coisas antigas reaparecem. A culpa por manter elas reaparece. A lembrança do dinheiro que gastei na época, junto do desânimo que isso traz, reaparecem. E eu fico lá pensando em como tenho muito mais o que fazer do que jamais terei tempo para fazê-lo. Sabe aquela ânsia por não ser capaz de fazer tudo o que eu queria? A sensação de que não existe tempo suficiente para nada?

Pelo menos para mim isso em grande parte advém da quantidade de coisas que eu me coloquei para fazer. Não só delas, mas das expectativas que eu dei para mim mesmo:

  • Eu queria aprender a escrever bem: comprei uns cursos sobre escrita e nunca tive coragem de abri-los, em parte porque achava que jamais conseguiria viver nas minhas próprias expectativas;
  • Quis aprender a fazer um jogo ou trabalhar em pixel art: não consegui levar a ideia para frente em parte porque sempre achava que seria perda de tempo, e não conseguiria chegar onde eu queria;
  • Tentei aprender a desenhar, mas me faltou força de vontade para treinar todo dia;
  • Tentei aprender a pintar com giz pastel, mas sempre usava alguma desculpa para não dar continuidade;
  • Tentei aprender violino e guitarra;
  • Tentei aprender outros idiomas, mas sempre me faltava aquele “tchan” da força de vontade, como se o esforço não fosse valer a pena.

Algumas vezes já me peguei pensando se o problema não era simplesmente a falta de sensação de realização proveniente daquelas experiências. Do tipo, estou fazendo isso pra quê? Tem motivo? Ou é só para me divertir? Será que tudo tem que ter mesmo algum tipo de obrigação? São perguntas para as quais eu não sei a resposta.

A falta de sensação de realização ou de satisfação com as próprias conquistas me chateia.

Por hoje é só. Não estou com ânimo para falar mais do que isso sobre esse assunto, e sinto que já me alonguei demais nisso. Esse termina sendo, por sinal, outro dos resultados dessas práticas: chega um momento que eu acho que já passei tempo demais naquilo, fico com a impressão de que perdi muito tempo e a tarefa morre ali.

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